
DignidadeAs unhas descascadas de um vermelho óbvio.As contas empilhadas na fuça de que deve. A cama esperando sempre lençóis novos. E eu sem saber porquês?A cidade esta em alerta alérgico, só respira fundo quem goza. Se deu bem a putinha dessa esquina. Está de pulmões limpos e não para de fumar. As vezes enfia três cigarros juntos na boca, não se contenta com pouco. Gosta de tragadas fortes. De goles fortes. E de uma boa bifa na cara borrada e esporrada que tem. Cobra o justo por seus talentos que nem sempre foram natos. Pela sua beleza, seu buquê. Não sente culpas nem medos é fiel ao tesão que tem. Trepou com quem queria, e com que abominava. E a suas calcinhas continuam molhadas. Uma sina buceta de ver o mundo, de desejar o mundo dentro de si. Não casou porque não acredita em convenções antigas, embora leia e releia o velho testamento. Já fumou a bíblia, deu o cú em cima dela para poder ficar mais perto de Deus. É assim que ela sente essas coisas. Vive fantasiando as suas trepadas póstumas. Queria muito dar pros Santos, desvendar o sexo dos anjos pirar com eles do jeito que for.E hoje é a mulher de pulmões mais limpos desta cidade. Talvez uma das mentes mais sujas desta cidade.E deve estar deitada em uma cama fedorenta, com cortinas azuis ou beges rasgadas nas janelas de um quarto rotativo. E deve estar orgulhosa por fazer o que gosta, por dar ao mundo o melhor de si, por ser tão fiel a sua singularidade em uma cidade aviltante e indigesta como esta. Deve estar gemendo de tesão, e gritando sua liberdade de ser o que é com a voz de uma cachorra que não se solta do seu macho nem com litros e litros de água gelada.
Escrito por Paula Cohen às 16h15
Escrito por Paula Cohen às 16h15
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